quinta-feira, 7 de março de 2019

Sobre postagens de vídeos e outras aberrações

Estive acompanhando os acontecimentos de hoje, acompanhando a repercussão da postagem, no mínimo esdrúxula do Presidente Bolsonaro e o seu comentário sobre o carnaval.
 
Fica evidente a falta de condições de defender o fato ainda que um monte de seguidores do Presidente, aqueles que o seguem incondicionalmente, que independentemente do que ele faz, fala ou posta, sempre o darão razão. Seja o que for, eles sempre arrumarão uma desculpa qualquer para justificar o feito, sem preocupação com a veracidade, lógica ou margem de tolerância. De certa forma isso é até fácil de se entender, afinal depositaram nele a confiança do voto e com isso a esperança das melhoras que todos sonhamos para o País e agora precisam sustentar esta posição ou reconhecer o erro, o que não é fácil.
 
O governo através de seus assessores, jornalistas, secretários e outros apressou-se em apresentar uma desculpa ou justifica, sei lá.
Uns falaram que a postagem foi feita na conta pessoal do Presidente como se fosse possível separar o Jair Bolsonaro do Presidente Bolsonaro. Outros argumentaram que a postagem não tinha por intenção prejudicar ou se manifestar contra o carnaval, mas que apresentava ao público uma realidade, do ponto de vista dele, em que o carnaval havia se transformado.
Sobre isso posso afirmar que do alto dos meus muitos anos de vida, alguns vividos em ambientes não muito aconselháveis, eu acompanhei todos os carnavais que foram possíveis e posso afirmar nunca vi este tipo de aberração, pelo menos não no carnaval.
 
Seja como for, o cheiro da falsidade fica claro. Estivesse o Sr. Presidente tão preocupado com a transformação do carnaval em um festival de aberrações sexuais explícitas que poderiam desvirtuar a sociedade ele deveria antes ter-se manifestado sobre alguns outros fatos.
Vivemos tempos bicudos de homens que espancam e humilham mulheres apenas por serem mulheres, de homens que espancam e humilham homossexuais apenas por serem homossexuais, de pessoas que espancam e humilham negros apenas por serem negros. Para minha surpresa, o Presidente não só não se manifesta sobre estes assuntos como, de certa forma os incentiva.
 
Nas duas cidades onde hoje tenho mais convivência, Rio de Janeiro e Belo Horizonte,  eu presencio uma situação no mínimo estarrecedora. No Rio, no transporte público existem vagões especiais para as mulheres nos trens e em Belo Horizonte são distribuídos apitos para as mulheres dentro dos ônibus. O motivo é simples. Assédio e desrespeito. Homens se masturbam e ejaculam em mulheres dentro destes transportes e na maioria vezes apenas são encaminhados a uma delegacia e depois seguem suas vidas tranquilamente. Nunca ouvi, li, ou fiquei sabendo de uma única manifestação do então deputado Bolsonaro a este respeito.
 
Fica aí a dúvida, porque será que ele fez uma postagem deste nível e nunca falou sobre os outros assuntos. Se for possível, alguém esclareça.
 
Taciano Campos

quarta-feira, 6 de março de 2019

E então é carnaval...

Me parece que eu e o Presidente não assistimos ao mesmo Carnaval, não mesmo.
O carnaval que eu ví foi de inúmeras manifestações culturais, inúmeras manifestações sociais e inúmeras manifestações religiosas. Eu vi um Carnaval rico onde o povo se manifestou de todas as formas, em todos os cantos do País. Eu vi um Carnaval onde as questões do racismo, homossexualidade,  feminismo, empoderamento, educação, segurança e tantos outras foram expostas de forma organizada e pacífica. 

Fora esta linda manifestação cultural ainda é preciso levar em consideração a fortíssima injeção de recursos feita nas economias locais. Hotéis lotados, restaurantes lotados, taxis e ubers lotados, inúmeros empregos temporários, enfim, muito dinheiro circulando num curto espaço de tempo, dinheiro este que sustenta boa parte da sociedade durante os meses seguintes ao carnaval.

Fosse eu um governante ou alguém com poder de decisão nas áreas sociais estaria de olho nestas manifestações com a intenção de tirar daí alguma direção para futuras diretrizes e ações que pudessem ir de encontro às indicações mostradas pela sociedade. Imagino eu que esta seria uma valiosa fonte para tomada de decisões.

O Presidente foi para um lado, ao meu ver, oposto aos interesses da sociedade.
Seria indicado, baseado no imenso sucesso da festa, que o Presidente fizesse comentários enaltecendo e evento, divulgando os inúmeros pontos positivos visando assim captar turismo e investimentos para o Brasil. Ao contrário disso o Presidente publicou em sua conta no Twitter de um vídeo onde há exposição de cenas bizarras protagonizadas por um grupo no mínimo estranho. É fato que aquilo aconteceu, as cenas não mentem. Assim como a maioria das pessoas eu também repudio o acontecimento. Não é possível entender aquilo como um tipo qualquer de manifestação aceitável em via pública. Impossível também é entender como um homem na posição de Presidente da República faça tal postagem. Como é possível que o mandatário maior da nação nos exponha internacionalmente de forma tão imprudente e inconsequente.

É sabido que aconteceram diversas manifestações contra o Presidente, manifestações legítimas, fruto de um governo medíocre, que não se mostra disposto a cumprir suas promessas campanha, que está se mostrando corrupto, cercado de eventos que não consegue explicar, e de pessoas ligadas a grupos criminosos. Talvez por isso ele tenha tentado manchar a imagem da maior festa popular do mundo escondendo assim o que ela mostrou a seu respeito. 

Como eu disse antes, fosse eu alguém com poder de decisão nas áreas governamentais e sociais teria tentado tirar daí alguma coisa que pudesse usar no direcionamento de minhas ações. Fica a dica Presidente. 

sábado, 19 de abril de 2014

Conviver com a perda não é fácil

Ontem fiz uma coisa para qual me preparei durante anos... e... chequei à conclusão que preparado eu não estava.

Fala-se que não se perde uma filha, que na verdade se ganha um filho, filho ou filha sei lá, depende do caso. Talvez seja verdade, talvez não, não sei. Ainda vou descobrir. Por enquanto o sentimento é de perda.

Conviver com a perda não é fácil. Nos meus cinqüenta e poucos anos passei por isso inúmeras vezes. A gente perde emprego, perde amigos, perde parentes distantes e parentes próximos, perde coisas que adquirimos... a gente perde amores... Meu Deus, como é difícil esta perda. Perder amores talvez seja a mais dura e cruel das perdas.

Ontem vi minha filha arrumando suas coisas, separando roupas, sapatos, maquiagens, cremes, vi minha filha separando seus pertences, vi minha filha separando nossas vidas, não que tivesse havido alguma briga ou qualquer outra desavença, nossa relação sempre foi ótima e deverá continuar assim para sempre.

Ela ajuntou tudo em malas e sacolas. Colocamos tudo no carro e fomos, juntos como sempre estivemos, para o local onde ela escolheu viver na companhia de um certo Wagner, um bom menino.

A gente cria os filhos para o mundo, sempre ouvi e sempre falei isso. Mas quando chega a hora a vontade é de parar o relógio, parar o tempo.
Não estou triste, mas acho que deveria estar me sentindo melhor, talvez seja egoísmo, talvez seja a sensação, agora sabidamente equivocada, de que somente eu pudesse lhe ser suficiente.

Sei que ela apenas se mudou de endereço, que o amor de filha ainda é o mesmo, que o carinho e o cuidado comigo sempre existirão, mas o vazio ficou. Vou me acostumar com ele, tenho certeza, mas por hora, como eu disse, o sentimento é de perda. Sei que vou sentir falta dela falando rápido, alto, mal humorada pela manhã. É... eu vou sentir falta.
Seja muito feliz na sua nova vida minha filha. Deus abençoe você e este certo Wagner..

Taciano Campos – Abril de 2014.



sábado, 30 de novembro de 2013

Sem notícias

E aquela notícia que não chega... Quando era difícil tempos atrás, quando a comunicação era medíocre e sem recursos até era aceitável, mas hoje?

Nenhum email, nenhuma marcação +1 no Google+, nenhuma curtida no Instagram, nenhum twitter, nenhuma mensagem, nada... O telefone que não toca e quando toca não é a ligação que eu espero... Não chega aquele sms... Até voltei a olhar a caixa de correio, coisa mais arcaica. A expectativa faz isso com a gente, mas... nada.

O sol que brilha aqui é o mesmo que brilha ai, apesar da distância, assim como também é a lua. A estação e rádio que escuto aqui também é a mesma que toca ai. Porém nada, nada disso me trás notícias.

E o tempo vai passando. Os dias passam e alguns, apesar de terem as mesmas vinte e quatro horas que outros, inexplicavelmente são mais longos, muito mais longos. E as notícias não chegam.


Ai vem a dura realidade bater na minha cara dizendo: “Não é que a notícia não chega, é que a notícia não quer ser enviada...”

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

E então é natal...


“E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai”.  João 1:14.
“Portanto, o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe chamará Emanuel”. Isaías 7: 14
O Divino se fez homem, limitado e mortal, nasceu numa manjedoura, em Belém nos arredores de Jerusalém. A profecia acerca desse evento fantástico estava cumprida.
No mundo que conhecemos tudo corria normalmente. Os religiosos da época em seus templos com suas orações, pessoas indo e vindo em busca de seus próprios desejos, governantes preocupados em benfíciarem a si mesmos, enfim, a vida caminhando como sempre. Tudo e todos absolutamente alheios ao maior evento da História até então, a encarnação do Verbo, o nascimento do Filho de Deus, Jesus Cristo, homem.
Passados mais de 20 séculos e as coisas quase não mudaram. Boa parte do mundo celebra o dia 25 de dezembro, como sendo o natal de Jesus, mas para uma grande quantidade de pessoas que fazem esta comemoração Ele não é mais que um simples figurante, quase uma figura fora do cenário. Como em Belém daquela época, há muita movimentação, mas poucos estão à procura do Cristo.
Mas, basta olharmos, aguçarmos nossos ouvidos e perceberemos sinais e vozes apontando para o que aconteceu naquela estrebaria de Belém: o Eterno se fez mortal. Ali acontecia o começo de uma caminhada que terminaria no evento mais importante de todos: a Cruz.
Sabemos que provavelmente o nascimento não tenha se dado numa noite de 25 de dezembro. Sabemos também que pinheiros, guirlandas e velhinhos de trenó são elementos de um natal criado pelo homem, que nada têm a ver com Bíblia e Cristianismo, porém nenhum motivo temos para ignorar o Natal. Usemos então esta data para recordar-nos de que o amor de Deus o levou ao cúmulo da encarnação.
Podemos sim comemorar o Natal de forma verdadeira. É só levantarmos os olhos e vermos as estrelas que apontam para a Graça, é só enchermos nossos ouvidos de boa vontade e juntarmos nossas vozes dando glória a Deus nas maiores alturas. É só separarmos o melhor que temos o ouro, o incenso e a mirra de nossas vidas e oferecermos àquele que nasceu em Belém. Afinal, foi ali naquela estrebaria que a eternidade se fez presente para nós.
Quando tivermos consciência de que o que pregou Jesus na cruz não foram os pregos e sim o amor ai estaremos realmente comemorando o natal.

Feliz natal a todos.

Taciano Campos
Dezembro de 2012.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Aviso Fúnebre - Pr. Adilson Umbelino

As pessoas entram em nossas vidas. Quando queremos ou quando não queremos, elas entram. E saem, quando queremos ou quando não queremos, elas saem. Elas entram e ficam, ou entram e saem de todas as formas e jeitos de se chegar, ficar ou sair.
Certo é que algumas se tornam especiais independentemente de como chegam ou como vão. E estas, quando vão, sempre nos causam emoção. Nem é preciso que a convivência seja longa, em alguns casos o pouco tempo é tão intenso que se refletirá pelo resto de nossas vidas.
Foi assim o meu convívio com o Pastor Adilson Umbelino. Fiquei chocado com a notícia de sua morte. Já não nos falávamos há algum tempo. A vida nos levou cada um para seu lado afastando-nos fisicamente, embora em nossos corações tenho certeza que estávamos sempre próximos. Foi meu Reitor no seminário e fora isso, um amigo e conselheiro como poucos. Dedicou a vida à obra de Deus sem poupar esforços.
Coloquei-me a pensar, procurar alguma explicação, motivo, sei lá. Só que  a morte não se explica nem se entende. Ela acontece.
Penso que o meu amigo ainda teria muito que contribuir conosco usando o dom que Deus lhe deu de pastorear. Quanto conhecimento ainda havia nele a ser compartilhado, quanta amizade, carinho, quanto bem estar ele ainda poderia ter nos dado com sua presença sempre agradável. Certo é que o Senhor Nosso Deus achou que este era o momento de nos privar da presença dele.
Não sei se estou sendo mesquinho, talvez esteja. Mas como  não me sentir um tanto órfão num momento desses.
Me despeço do meu amigo, triste, meio que entre lágrimas, mas  sabendo que assim como eu,  várias pessoas também choraram a sua falta, porém com a certeza de que hoje fez-se festa no céu.  Foi bom ter convivido com ele. Aprendi coisas que influenciarão o meu caminhar. Que Deus o receba em sua glória.

Taciano campos.
Dezembro de 2012


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terça-feira, 4 de dezembro de 2012

O Tempo do Advento


O tempo do Advento é momento de forte mergulho na mística cristã. É tempo de esperança, de estarmos atentos e vigilantes, preparando-nos para a vinda do Senhor. Começou no domingo 02 de dezembro e vai até 24 de dezembro, véspera do Natal. A celebração do advento é um meio para nos ensinar sobre o mistério da salvação, nos leva a reviver alguns valores essenciais cristãos, tais como a alegria, esperança e conversão.
É tempo de esperança na renovação de todas as coisas, na libertação de nossos pecados, de nossas fraquezas, esperança na vida eterna, esperança na paciência diante das dificuldades e tribulações da vida. É tempo para a conversão.
Vivemos o advento no fim de ano, tempo cheio, agitado, uma correria de atividades, fazer compras, organizar festas, natal, fim de ano… O advento nos leva ao desafio de sermos capazes de reservar tempo para refletir e ir às raízes de nossa existência.
Nos dar um tempo de silêncio pessoal, tranqüilo, sereno, e poder refletir. Sentir mais intensamente que é tempo de Deus, momento divino, pedaço de tempo para experimentarmos a união do divino com o humano.
Tempo para reconhecer os sinais que Deus deixou na história. Sinais que são apenas sussurros na multidão de sons e palavras que invadem a nossa vida. Sonhos que desafiam o comodismo e exigem coragem para seguir novos caminhos antigos, na certeza que caminhando fazemos caminhos. Sinais que perguntam se no turbilhão de nossa vida saberemos fazer silêncio para escutar a Deus.
Isso é o advento, aproveite esse tempo para refletir, para corrigir erros, conseguir acertos, perdoar, procurar ser perdoado, enfim, aproveite esse tempo para buscar de Deus.


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