Ontem fiz uma coisa para
qual me preparei durante anos... e... chequei à conclusão que preparado eu não
estava.
Fala-se que não se perde uma
filha, que na verdade se ganha um filho, filho ou filha sei lá, depende do
caso. Talvez seja verdade, talvez não, não sei. Ainda vou descobrir. Por
enquanto o sentimento é de perda.
Conviver com a perda não é
fácil. Nos meus cinqüenta e poucos anos passei por isso inúmeras vezes. A gente
perde emprego, perde amigos, perde parentes distantes e parentes próximos, perde
coisas que adquirimos... a gente perde amores... Meu Deus, como é difícil esta
perda. Perder amores talvez seja a mais dura e cruel das perdas.
Ontem vi minha filha
arrumando suas coisas, separando roupas, sapatos, maquiagens, cremes, vi minha
filha separando seus pertences, vi minha filha separando nossas vidas, não que
tivesse havido alguma briga ou qualquer outra desavença, nossa relação sempre
foi ótima e deverá continuar assim para sempre.
Ela ajuntou tudo em malas e
sacolas. Colocamos tudo no carro e fomos, juntos como sempre estivemos, para o
local onde ela escolheu viver na companhia de um certo Wagner, um bom menino.
A gente cria os filhos para
o mundo, sempre ouvi e sempre falei isso. Mas quando chega a hora a vontade é
de parar o relógio, parar o tempo.
Não estou triste, mas acho
que deveria estar me sentindo melhor, talvez seja egoísmo, talvez seja a
sensação, agora sabidamente equivocada, de que somente eu pudesse lhe ser
suficiente.
Sei que ela apenas se mudou
de endereço, que o amor de filha ainda é o mesmo, que o carinho e o cuidado
comigo sempre existirão, mas o vazio ficou. Vou me acostumar com ele, tenho
certeza, mas por hora, como eu disse, o sentimento é de perda. Sei que vou
sentir falta dela falando rápido, alto, mal humorada pela manhã. É... eu vou
sentir falta.
Seja muito feliz na sua nova
vida minha filha. Deus abençoe você e este certo Wagner..
Taciano Campos – Abril de 2014.